Quaresma é um tempo de renovação, de
recomeço: é um caminho para receber o abraço do Pai Misericordioso. A prática do
jejum, da oração e da caridade são pistas para criarmos um ambiente de silêncio
e deserto, onde podemos acolher o chamado de Deus para viver como seus filhos e
filhas. No itinerário da Iniciação Cristã,
é nesse tempo se realiza a última preparação dos adultos que receberão os sacramentos
do Batismo, Crisma e Eucaristia. Toda a liturgia: a Palavra de Deus, os ritos e
símbolos, os cantos e a música nos ajudam a refazer a caminhada do nosso
batismo, para renovarmos os compromissos batismais na Vigília Pascal.
As primeiras leituras nos domingos mostram
as várias etapas da Aliança de Deus com a humanidade: com Moisés, Abraão e os
profetas. Estas alianças foram imagens da nova e eterna aliança que Cristo
selou com a humanidade pela sua cruz e ressurreição. Os Evangelhos dos domingos
da Quaresma mostram a nova aliança se realizar na palavra de Cristo, que vence
as tentações no deserto (1º domingo). Esta aliança se confirma na palavra do
Pai, que apresenta Cristo como “o Filho muito amado” (2º domingo).
Especialmente neste ano, pelo Evangelho de Lucas, ouviremos a palavra
misericordiosa do Pai nos Evangelhos do 3º ao 5º domingo. Somos chamados a
fazer a mesma experiência do filho pródigo e da pecadora perdoada: experimentar
o nosso limite, reconhecer o nosso pecado, e acolher a infinita misericórdia
divina que nos dá uma nova chance de conversão.
A liturgia da Quaresma nos aponta a Vida
Nova em Cristo, em nível pessoal. Mas aponta também o Reino Novo de Cristo, em
nível comunitário e social. É impossível falar da Vida Nova, sem falar do Reino
Novo, novas relações e atitudes frente à vida. As obras de misericórdia:
solidariedade, caridade, proximidade, são fonte de transformação e de
identificação com Cristo. A fraternidade, nascida e alimentada pela
misericórdia, é sinal extraordinário do Reino que está presente e que há de
vir. “Como cristãos, discípulos missionários de Cristo, poderíamos perceber as
políticas públicas como ações misericordiosas. Participar das discussões e
execução das políticas é ajudar a construir uma verdadeira fraternidade e
resgatar a dignidade de irmãos e irmãs” (texto base da CF 2019)
Que esta Quaresma possa repercutir em
nossa história, gerando fraternidade e vida, animando os passos para a construção
de uma sociedade capaz de integrar todas as pessoas no projeto de Deus!
Pe. Jair Costa – Comissão
Diocesana de Liturgia
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